24 de dez. de 2012

Feliz Natal e Livre Ano Novo!

Àqueles que me acompanham, obrigado pela companhia. Esse blog foi montado para trazer um pouco da visão pragmática e de negócios que precisa nortear os empreendimentos - mesmo os sem fins lucrativos - para o mundo do Software Livre. Para aqueles que aqui estiveram em busca dessa visão, obrigado pelas visitas e espero ter ajudado em algo.

Para aqueles que passaram por aqui e não entenderam muito bem o que eu quis dizer, por favor, voltem novamente e perguntem!

A a todos, tragam perguntas, desafios, problemas. Eu tenho muito sobre o que falar a respeito da vantagem que SL traz às organizações, mas serei muito mais feliz em meus objetivos se contar com sugestões de vocês.

A todos um Feliz Natal e um 2013 cheio de realizações!

21 de nov. de 2012

Meu filho mais velho e o Ubuntu

Minha esposa comprou um Asus Eee PC e foi deixando seu antigo Dell de lado. Há algum tempo meu filho fez aniversário, e demos de presente para ele esse Dell. Como era uma máquina Windows, com uns cinco anos de uso, precisava urgentemente de uma reformatação total. Quando eu fui fazê-la meu filho perguntou:

- "Mas vai ter Clube Penguin?"
- Sim, eu respondi.
- "Mas vai perder tudo!"
- Tudo o quê?
- "Doctor Who da Cultura e os jogos da aula de informática da escola!"
- Pode ficar tranquilo, vai ter tudo isso.
- "É? Vai ter tudo?"
- Sim, claro

E tasquei o Ubuntu 12.10.

Lição: estamos em 2012. Tudo que uma criança quer no computador é acesso à Internet e um navegador.

1 de nov. de 2012

Bug do Oracle: paralelismo falha com objeto compartilhado

Ou pelo menos foi isso que me disseram.

Um novo DW que vai receber carga com um processo do Pentaho (Data Integration, ou PDI) gravará seus dados num banco Oracle. Em busca de performance, eu brinquei com alguns parâmetros do processo PDI e, ao final, deixei o objeto que grava no banco (Table Output) com dez instâncias. Cada uma abre uma conexão com o banco, que gerencia a gravação em paralelo na tabela.

Daqui para frente eu estou revendendo o peixe como eu comprei. Eu mal entendo Oracle, quanto mais dizer que eu sei como ele funciona. Eu vou apenas relatar o que eu ouvi, e tirar minhas conclusões lá embaixo.

Bom, estávamos com um problema sério de performance. Tabelas do MS SQL Server estavam dando vazão de mais de 100.000 linhas/segundo, mas as tabelas do Oracle não davam nem quinhentas - estava mais na casa das 300 l/s de leitura.

Conversamos e discutimos esse problema e os gestores do banco vão lá fazer suas mágicas para melhorar isso.

Agora vem a parte importante.

A certa altura, eu expliquei que estávamos gravando através de várias conexões, paralelizando a saída para o banco. Dai o gestor disse "cuidado!" Porquê? "Porque se você abrir várias conexões de gravação para um objeto definido como paralelizado, ele pode perder linhas na gravação."

Isso mesmo: se o objeto (como uma tabela) estiver sob cuidados do paralelizador do Oracle, e abrirmos mais de uma conexão para gravar, registros podem ser perdidos!

Ou isso é um bug, ou uma característica da operação. Em si não é nenhum problema, como pode parecer. Basta montar o projeto da forma que esse problema não seja disparado. Talvez esse seja o preço da paralelização - vai saber!

O ponto que eu quero cutucar é essse: se fosse o PostgreSQL a ter essa limitação, a obrigar a esse cuidado, todo mundo cairia matando, reclamando que é SL e tal. Bom, eu aproveitei a deixa: "mas isso é um bug?" "nossa, isso é perigoso! A Oracle vai resolver?" e outros comentários na mesma linha dos que são feitos quando o software defeituoso é livre.

Afinal, pombas, é o ORACLE!!! Eu não tenho certeza se é um bug - acho que não é - mas da forma que o gestor falou, com aquele tom meio "desculpe-me", tentando contornar... Sabe, não acredito que seja um bug, mas eu não me espantaria! Eu já ouvi relatos de grandes bancos de dados Oracle perdendo registros para o vácuo - somem de tal maneira que não restam traços em lugar nenhum, em log, em memória, nada!

Moral da história: não bata no Software Livre ao primeiro sinal de problema. Problemas ocorrem em todos os softwares, e na média SL tem menos defeitos!

31 de out. de 2012

Palestra para Turmas na Fatec

Ontem estive na Fatec novamente, reapresentando a palestra SL & Empregabilidade que eu fiz no 14o. Congresso Tecnológico deles, e depois para um bate-papo mais aberto (desculpe pelo trocadilho não-intencional, hehe.)

Eu fui a convite da Profa. Neide Aquemi, que ministra o curso de Software Livre. Ela é uma grande entusiasta do assunto, e já ministra esse curso há algum tempo.

À professora, obrigado pelo convite. Aos alunos, obrigado pelo tempo e espero ter ajudado em algo. Vocês têm a vida toda pela frente, e há grandes oportunidades no mundo para SL. Boa sorte!

P.S.: eu vou soltar a palestra no próximo post - essa semana se tudo der certo!

24 de set. de 2012

RedHat Atinge o 4o Lugar na Lista de Mais Inovadoras da Forbes

Ok, isso não é bem um post - é mais uma pequena reportagem. Eu li a chamada no LinkedIn e depois usei o Google para chegar até a página da lista, propriamente dita.

Esta página traz o perfil da RedHat - uma coisa americana demais para o meu gosto, muito numérico, sem graça.

Já esta outra página, How Innovative leaders maintain their edge, fala sobre o que os autores X e Y acreditam que é a raiz de uma empresa inovadora:

How well companies leverage people, process, and philosophies (what we call the 3Ps) differentiates the best in class from the next in class when it comes to keeping innovation alive and delivering an innovation premium year after year.

Em tradução livre e suscinta, eles dizem crer que são os três "P"s a raiz das melhores empresas em suas classes: Pessoas, Processos e Philosofia (sorry pela forçada- seria estranho dizer "os dois Ps e o F".)

Eu esperaria que eles analisassem cada aspecto separadamente, quadradinhamente, mas eles foram mais espertos que a média: eles não parecem acreditar que há separação entre pessoas inovadoras e processos ou filosofias inovadoras. Ficou difícil; deixe-me inverter a ordem das coisas: parece que os autores da classificação pensam que filosofia inovadora e processos inovadores são criados e mantidos por pessoas inovadoras, e isso gera valor para a empresa (e seu acionistas.)

Eles continuam e tentam identificar no líder maior de cada empresa traços que provem que eles estão certos. Conviver com gente de humanas me ensinou a ser mais cauteloso nessas avaliações, mas eu posso dizer que eu concordo com eles nos pontos principais:
  • Empresas inovadoras têm líderes inovadores.
  • Esses não apenas tentam ser inovadores, mas eles procuram despertar essa atitude nas pessoas ao seu redor, e por toda empresa.
  • Eles não aceitam o próprio ponto de vista sem disputa. Ao invés disso, buscam quem possa desafiá-los, quem possa mostrar outros pontos de vista e tirar deles aquela certeza.
Eu conheci o vice-presidente da RedHat, Michel Tieman. Eu não diria nem de longe que ele é um cara inovador, per se, mas das poucas conversas que eu fiquei com a impressão que a Red Hat não se vê como uma empresa, do tipo que vende um produto. Ele parecia mais um cara de comunidade, que aceitava a responsabilidade de levar adiante uma empresa nada comum.

Se a Red Hat é inovadora de verdade, acho que eu nunca vou saber. Mas aparentemente o mundo acha que é, e pelo jeito estão pagando (e bem) por isso. Parabéns, Red Hat!

29 de ago. de 2012

Windows Erro 651 - Solução!

Quando é com o Ubuntu, todo mundo malha...
             ... mas quando é no Windows, todo mundo acha normal.

(Se você veio aqui tentando resolver seu erro 651, pode voltar o navegador e continuar a busca, eu também não resolvi o problema. Aqui eu vou comentar os dois pesos e duas medidas usados para comparar SL com SP. Você é bem-vindo para ler o restanto, em todo caso.)

Tem um povo do meu trabalho que reclamou quando abolimos o Word e passamos a usar o Write - ou em software-livrês trocamos o MS Office pelo LibreOffice.
"É difícil de usar, é diferente, blá blá blá chora chora chora..."

Eu não sou xiita, mas burrice e preguiça me irritam - eu perdôo ignorância porque ignorância tem cura, mas burrice e preguiça não. Como é que um cara troca um software por outro, que faz a mesma coisa e tem até os mesmos atalhos de teclado e reclama que é diferente? Pior, e quando dá pau e diz que é porque é SL???

Quer ver só? Vá ao Google e pesquise "Windows erro 651". Leia alguns posts. É um problema sem solução - ou pelo menos sem solução simples, já que eu não consegui achar um ÚNICO cristo que tenha resolvido o problema sem ser na sorte. Teve até um caso em que o problema sumiu da mesma forma que apareceu - do nada. Por acaso esse fez um apanhado das soluções ao redor da Internet, e nenhuma delas serviu para ele.

Quando dá pau no Windows - ou qualquer coisa pela qual se paga - todo mundo acha que "faz parte." SL não - aaaaah não, é porque é livre....

Ah, vá!

(No fundo, há uma moral muito interessante: SL é avaliado por um padrão superior ao proprietário, e mesmo assim faz sucesso. Logo, por esse sentimento, SL é melhor que SP por pelo menos uma ordem de grandeza. Claro que eu não sou besta de querer fazer essa comparação...)

10 de ago. de 2012

Provando o Próprio Remédio

Há algum tempo eu criei um projeto aberto de BI chamado ApacheBI. É uma solução básica de BI para tratar e monitorar os logs do Apache. Recentemente uma pessoa da lista do Pentaho Brasil perguntou sob qual licença ele está.

Ahn? Licença? Ppptttuuuuuiiiiiii....

Só então eu me dei conta que meu trabalho, publicado no SourceForge, aberto e livre, não tinha nenhum tipo de licença!

Fácil de resolver: é só escolher uma.

...
....
.....

E qual escolher???

Ok, isso eu já sei: livre para usar, modificar, distribuir e distribuir modificado.

Eu também não proíbo ninguém de vender nada com o meu projeto embutido - fico feliz se conseguir usá-lo para ganhar dinheiro. Pensando um pouco, eu não quero que ele venda o meu trabalho como se fosse dele. Logo, tudo bem ganhar dinheiro desde que não seja cobrando por algo que outro fez. Eu não ligo se você montar um BI Server, implantar meu projeto e cobrar por ter montado e implantado a solução. Mas vou ficar bravo pacas se você colocar o meu projeto num pendrive e vender tudo por muito mais que o pendrive vale. Não foi você quem fez, quem disse que pode usurpar meu esforço e cobrar por ele???

E o que mais? Com certeza eu vou gostar de ver meu nome (e do Edu) nos créditos de um sistema que use o ApacheBI. Logo, eu quero que quem use saiba de onde veio. E quero que o cliente que comprar ou baixar qualquer coisa com o ApacheBI embutido possa acessar o mesmo código que deu origem ao produto.

Por outro lado, se o integrador adicionar know-how à minha solução antes de vendê-la, eu não vou obrigá-lo a mostrar o segredo dele. Se ele quiser abrir a extensão, fine. Se não quiser, fine too. Afinal, eu posso decidir sobre o meu trabalho, em acordo com o Edu, mas não sobre o de outrem.

Eu apreciaria imensamente receber dicas, sugestões e patchs para melhoria do ApacheBI, mas se alguém o alterar e não quiser mostrar, ok. Não acho certo forçar ninguém a nada.

Resumindo, preciso de uma licença que dê:
  1. As quatro liberdades básicas - uso, distribuição, alteração, distribuição da alteração.
  2. Obrigatoriedade de mencionar que embute o ApacheBI.
  3. Obrigatoriedade de informar onde achar o código-fonte.
  4. Liberdade para empacotar o ApacheBI com código proprietário e fechar a solução.
E aí, qual licença dá isso?

15 de jun. de 2012

Software Livre na Secretaria de Saúde do Pará

Acabo de ler a notícia que a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará construiu uma solução de BI com Pentaho para análise georreferenciada dos dados coletados pelo Ministério da Saúde. Eu fiquei sabendo disso pelo LinkedIn, que divulgou o post no blog do Márcio Vieira, da Ambiente Livre (que é a empresa que treinou esse pessoal.)

Eu comento mais sobre o "BI" desse caso no meu blog dedicado ao assunto, o GeekBI.

11 de jun. de 2012

Azure vai suportar Linux

Notícia de hoje na Globo.com: Microsoft libera suporte ao Linux no Windows Azure.

Eu sempre acreditei que o maior defeito da MS não era os softwares cheios de problemas, até porque não há um sem o outro, nem um processo de desenvolvimento complicado e burocrático (como o MiniMS já mostrou), mas justamente a incapacidade de lidar com a diversidade, com a competição como não-nula.

Se a MS chegou ao ponto de ceder à demanda por Linux em seu serviço de nuvem, uma de duas coisas pode estar acontecendo:
  1. Assim como eles foram obrigados a ceder à Internet, quando acreditavam que o futuro online era como a AOL, eles cederam ao mercado (eu acho que é isso.)
  2. A torcida do MiniMS está fazendo efeito, e a empresa está se reinventando (duvido, ainda tem muito velho vivo por lá.)
Não vejo a MS como uma ameaça de nenhum tipo, pelo menos não enquanto o mundo for livre. Mas se a MS começar mesmo a investir em Linux, ai o bicho vai pegar. Imagine, uma distro Linux MS?? A RedHat e a Canonical tremeriam na base! Seria fantástico! (Se houver licença gratuita, claro. Se tiver que pagar pela distro tanto quanto por um Windows, então esqueça, teremos voltado ao marco zero.)

Pensando bem, isso já aconteceu uma vez: a Apple bifurcou o BSD e criou o iOS. Pelo que eu vi dele, apesar de muito bom e fácil de usar, o Linux autêntico ainda continua mais interessante para quem mexe mesmo com computadores. Para usuários finais, o iOS ainda parece melhor que o Ubuntu 12.04.

28 de mai. de 2012

Menezes Restaurante e Lanchonete Ltda

Na hora de pagar a conta no restaurante, vi uma planilha aberta no terminal. Na mesma hora pensei "como planilha ainda é um o pau-para-toda-obra." O espanto veio na hora que eu resolvi ler o caption da janela: LibreOffice 3!!!

Perguntei na hora para o caixa (que eu suspeito ser ou o dono, ou um dos sócios) quem havia instalado o LO. "Eu," respondeu ele. Porquê? "Ah, para que eu vou pagar licença para a MS, se isso me atende?" (Detalhe: o SO é Windows.)

Esse restaurante fica a duas quadras da Rua 25 de Março, então acesso a licença pirata não é problema. E mesmo sendo um restaurante muito frequentado por gente do Serpro, duvido que os donos tivessem medo de denúncia ou batida da ABES. Pela conversa me pareceu muito mais que ele optou pela comodidade de baixar um software gratuito (além de livre, mas duvido que isso tenha pesado para ele) em comparação a sair, comprar um CD pirata etc. que medo de complicações.

23 de mai. de 2012

Venture Capital para SL

Eu sabia que SL tem sido visto com uma vantagem para empresas de garagem que desejam virar start-ups fundeadas por capitalistas de risco (VC), mas eu acabei de descobrir que existe ao menos uma VC que investe em SL!

A North Bridge VC investe em Software Livre como uma tecnologia game changer, ou seja, disruptiva, com potencial para mudar as regras do jogo, e patrocina uma pesquisa anual sobre a adoção de SL pelas indústrias.

A pesquisa desse ano saiu há pouco, e vale a pena conhecê-la.

24 de abr. de 2012

Saiba Quando Desistir

Pense um pouco sobre como eram os computadores equipados com Windows há 10 anos, e como o Macintosh já era fácil de usar. Aos poucos as pessoas se acostumaram com a esquisitice do Windows, enquanto o Mac se estabeleceu como o verdadeiro user-friendly.

Como toda tecnologia disruptiva, SL não é para qualquer um. Há empresas e empresas - dos mais diversos tamanhos, graus de entropia e defeitos refrativos. Cada uma tem seus próprios processos e suas peculiares facilidades ou dificuldades de mudanças. E por isso toda empresa que tem alguma dificuldade de mudança, tem mais dificuldade de adoção do SL.

Adotar SL implica em passar por mudanças. É preciso rever a forma de se conseguir suporte, de se licenciar software (e de se pagar por ele - livre não é gratuito!!) A forma de implantação pode ser muito diferente do que se está acostumado - ou "muito" igual.

A maioria das empresas, de qualquer ramo, convergem para uma forma mais ou menos comum de tratar as coisas por causa da comparação à concorrência a qual estão continuamente sujeitas. Fornecedores de SL podem ou não estar moldados sob essa mesma pressão, e podem ou não estar na média do setor.

Como cada caso é um caso, a flexibilidade e capacidade de adaptação, a capacidade de entender e usar as vantagens competitivas e de produtividade que SL traz são preponderantes no momento de se avaliar a adoção de um SL.

E por isso é muito importante saber reconhecer que, talvez, essas vantagens não vão te ajudar. Talvez o contorcionismo que sua empresa precisará fazer para adotar um SL seja tão grande que anula tudo que você vai ganhar com ele.

Saiba quando adotar Software Proprietário por limitações da sua empresa, e evite o dissabor de perder uma corrida usando o carro mais moderno e potente. Quem sabe você não teria ganho com um fusquinha?

Afinal, ficar parado não mata. Mata não andar com a manada. Só reze para seu concorrente não conseguir resolver os mesmos problemas antes de você. ;-)

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Atualização:  acabo de ler isso no LinkedIn:
Wardlow: When I've pushed behind new concepts I find it's best to create the buzz, get the word out, and show people the solution exists for the problems which are coming up. Often, people just need a sign pointing them towards the solution. Once they see there's something there, they flock to it (so long as the solution is SMART --> Specific Measurable Achievable Realistic Timely. 
Ele tem uma idéia interessante para quem vive nas empresas que sofrem de dificuldade de inovação por falta de liderança. Leia o restante aqui.

23 de abr. de 2012

10 de abr. de 2012

SPZ2000 Ok no Ubuntu 10.10

Depois de quebrar minha webcam xing-ling de tanto forçar seu ajuste de foco, fiz uma pesquisa rápida na web por webcams da Philips (tenho uma no trabalho que é muito boa.) Achei algumas opções e resolvi procurar nas ruas pela SPZ2000.

Minha única dúvida era: funciona no Linux? O site da Philips não ajudou muito, mas, numa loja onde encontrei a webcam, a vendedora me fisgou com uma proposta irrecusável: se não funcionar, ela devolveria o dinheiro.

Pois muito bem, comprei a câmera, voltei para casa, liguei e - voi-là! - funcionou na hora, de primeira! :-)

Resumo da ópera e dicas:
  • Padrões, quando são seguidos, são bons porque reduzem a chance de problemas. (E isso é uma das coisas da MS que me irrita: padrão, só se for o deles.)
  • Quando comprar produtos para Linux, pergunte se funciona. Se o vendedor tiver interesse em te vender, ele pode arriscar o "se não funcionar, devolvemos seu dinheiro."
  • Se ele não oferecer, peça: se não funcionar, devolve o meu dinheiro? Já deu certo comigo, pode dar certo com você.
  • Poste no fórum do seu SO/SL: vai ajudar quem precisa de referência a ganhar segurança. (Esse é meu post sobre minha máquina.)
Até mais!

2 de abr. de 2012

Terra do Gelo e do Sofware Livre

Quem diria? Dinheiro está se tornando a menor das questões no mercado de Software Livre.

Vejam essa notícia (tradução livre):
Islândia vai usar Software Livre na TI do setor público

As instituições públicas da Islândia começam, neste ano, a mudar para software livre.
(...)
Esse movimento é uma aceleração da política de software livre do governo islandês, publicado inicialmente em 2007.
(...)
Software Livre está se expandindo rapidamente ao redor do mundo, já tendo conquistado o reconhecimento de uma opção realística durante a escolha de soluções de TI," disse o Escritório do Primeiro-Ministro. "É importante que autoridade governamentais apoiem isso e permitam seu contínuo desenvolvimento, já que o uso de software livre pode reduzir as amarras dos negócios, autoridades e o público a certos únicos provedores de serviços, e portanto cultivar maiores opções."
(...)
A Islândia é uma ilha no norte da Europa, com renda per capita de US$40.000,00 e uma área de pouco mais que 100.000 Km2 (quase metade da área do estado de São Paulo) e nem meio milhão de habitantes. Software para tocar o país não seria caro de qualquer forma, mas mesmo assim eles investem em SL porque dá a eles mais liberdade de ação, mais opções.

O Brasil tem uma política muito semelhante, mas ainda não temos uma liderança no país que nos leve nesse sentido. Ainda é maior a questão dos preços - tanto que o TCU é quem mais cobra das empresas do governo que gastem melhor o dinheiro buscando SL quando puderem evitar SP.

Ainda que isso seja melhor que nada, não teremos muitas vantagens como país ao adotar SL enquanto essa adoção partir apenas de razões econômicas. O dinheiro economizado é muito pouco, tanto em montantes absolutos quanto relativos.

O Brasil, que foi um pioneiro nessa área, deveria parar de buscar irmandade em países que mal possuem instituições estáveis e começar a se aproximar de países avançados, que possam trocar experiência e conhecimento conosco, ao invés de apenas nos observar ou receber tudo de mão-beijada. Nada contra compartilhar, nem mesmo contra doar conhecimento, mas nosso objetivo, como nação, deve ser nos ajudar, antes de ajudar outros países - ou a prioridade do nosso governo é o povo de outro país?

Será que tem intercâmbio para Islândia? ;-)

26 de mar. de 2012

Impressionante

Passei um tempo navegando a web em busca de um sentimento da adoção de SL no mundo, para ter o que comparar com o Brasil.

Bom, adotar SL deixou de ser uma questão. Agora existem outras questões - como, quando, para quê, por quê não etc.

Peguem esse link como exemplo: Driving Innovation. É um convite para um webinário sobre como a indústria automotiva está adotando SL. Vou transcrever (e acomodar no Português) um trecho do convite:
O evento vai mostrar:
  • Como e porquê a indústria automotiva está olhando SL como uma fonte de vantagem competitiva.
  • (...)
  • O nível de engajamento das companias automotivas com as comunidades de SL.
A pesquisa que serve de base para o evento é a primeira do tipo, e foi conduzida pela BearingPoint, cientificamente guiada pelo Professor Riehle, chefe do Grupo de Pesquisa em Open Source da Universidade de Erlangen-Nuremberg. Mais de 25 empresas responderam essa pesquisa.

Fala sério! SL é assunto de pesquisa universitária, com consultoria empresarial, no mercado automotivo!? Impressionante!

Sabendo que já existem lugares no mundo que permitem carros auto-navegados, isso se torna ainda mais interessante...

E aí, vai um Open Car? ;-)

19 de mar. de 2012

O Mercado de Trabalho do Software Livre é Social

Há algum tempo eu venho pregando a idéia de usar SL como blocos para construir soluções mais robustas, completas e complexas. No início eu estava inseguro sobre essa idéia - afinal, me parecia que eu era o único a acreditar e falar sobre isso.

Mais tarde eu descobri que uma pessoa realmente importante e que realmente entende do assunto também dizia o mesmo: Michel Tiemann, VP da Red Hat. Tive a imensa satisfação de poder conversar com ele pessoalmente durante o Consegi'09, e lá passei a ter a certeza messiânica de que essa idéia tinha futuro. Mas ainda era uma certeza muito pessoal, muito baseada na minha intuição. A realidade ainda não havia sido posta à prova.

Até que eu me inscrevi no LinkedIn e comecei a acompanhar algumas coisas. E eis que se cristaliza o conceito de Lego de SL em um projeto (com um nome que pode melhorar muito!)

Agora, mais uma vez no LinkedIn, eu sigo uma notícia e descubro que jBoss e eXo Portal foram integrados em um framework chamado GateIn.

Não pude deixar de concluir duas coisas:
  1. Lego Software Livre (LSL): não é mais uma idéia, já é um fato. Se vai dar certo, é a próxima pergunta.
  2. O mercado de trabalho de Software Livre provavelmente vai se fortalecer em portais sociais, como o LinkedIn.
A Era do SL^2?

O primeiro é muito importante: chegamos a um ponto de inflexão, e a partir daqui não há mais volta. A qualidade, complexidade e completude das soluções de SL vão crescer cada vez mais rapidamente. Já não será um crescimento linear ou quadrático, mas exponencial, pois cada novo pedaço de SL vai abrir campo para muitas outras combinações. Cada melhoria em um componente vai causar melhorias nas montagens (a solução Lego Software Livre, por falta de um nome menor ou mais inteligível - por um momento me passou na cabeça SLSL ou SL2.)

Vamos ver como isso vai evoluir. Mas eu escrevi esse post mesmo foi para falar do segundo item, então vamos em frente.

Referências

O segundo é um mero sinal de nossos tempos, esperado, mas não menos importante.

Você quer levar sua empresa de SL adiante? Então viva dentro de sites como LinkedIn, Facebook etc. Não digo que você pode abrir mão deles se sua empresa for, digamos, indústria de autopeças ou fábrica de tecido. Muito pelo contrário. Mas a natureza das empresas que buscam SL como opção é diferente das empresas que seguem os rumos já traçados do mercado clássico, bem como as empresas que fornecem SL são diferentes das que vendem licenças e serviços de SP.

Faça um Gedankenexperiment: coloque-se no lugar de um gerente de departamento de TI, com opção de adotar uma solução SL ou SP. Você já tem proposta de vários fornecedores, já sabe quais produtos te atendem melhor etc. Tudo resolvido. Nesse momento, segundo o Michael Bosworth, você fica com o pé frio. E se tudo der errado? E se nada funcionar? E se isso, e se aquilo?

O que todo mundo faz hoje, quando tem uma dúvida? Googles it.

É nesse momento que os sites de relacionamento profissional pesam: você pode ver a quem seus fornecedores estão ligados e pedir opinião dessas empresas e pessoas. Você pode conhecer os empregados deles, quem saiu, quem entrou, e talvez descobrir alguns porquês. Você pode ver além do terno engomadinho, da bolsa de marca, dos sapatos e perfumes dos vendedores - você pode se conectar à vida deles se eles tiverem essa vida on-line. Quem estiver no mercado virtual formado por esses recursos tem uma clara vantagem sobre quem não estiver. Quem for bom, se destacar no mercado e se expuser, terá corpos e corpos de vantagem sobre qualquer outro mais acanhado. Se você quer se destacar, apareça!

Em um mercado onde raras empresas de SL possuem marcas fortes como uma Impacta, uma 4Linux, ou mesmo a IBM, estar na vitrine das redes sociais vai fazer toda a diferença. Para empresas pequenas e médias, que representam a maioria quando se fala em SL, são esses locais virtuais que vão lastrear suas marcas e dar as suas referências para o mercado.

12 de mar. de 2012

Vingou

Você sabe que uma determinada idéia vingou quando começam a surgir suas aplicações de nicho. Diga lá: se você fosse uma imobiliária e quisesse fazer um site, para turbinar seus negócios, o que faria?

Provavelmente compraria esse serviço pronto, ou pagaria um hospedeiro e construiria uma página no braço.

Bom, qualquer que seja o caminho, ele acabou de ganhar uma mão do Software Livre:
Open4Listing
Open4Listing is a free and open source solution for the creation of a corporate website with classifieds. Developed mainly for Real Estate Agents, Brokers and Real Estate Professionals, Open4Listing is also used in other fields of activity, such as Auto Parts Sales, Heavy Industry Machinery Sales or Short Term Accommodation Rentals.

Open4Listing is powered by PHP and MySQL and was created by INFO CITY SRL, the company which developed several real estate portals, such as us-estate.com or reqAfrica.com.

The software is SEO-friendly, AD free and can easily be modified to meet users needs. With Open4Listing you can easily change colors, themes, implement a business logo or create categories and subcategories. To change any of these, follow the instructions on Open4Listing.com, sections Tips and Tricks or How To.

Open4Listing is a free and open source software licensed under version 3 of the GNU General Public License.
Esse anúncio saiu no LinkedIn: Open source classifieds website.

Francamente, não há mercado com o qual eu tenha menos contato ou saiba menos. Mas alguém achou que ele representa uma boa oportunidade de investimento e, contrariando a opinião do Sr. Gérson Schmitt, resolveu inovar e construir uma aplicação exclusiva para isso. Tão específica que até a questão de SEO foi levada em conta! E não é experimental: já existem vários casos! (Olhe no site deles.)

Uau! Me digam se isso não representa o sucesso da idéia de Software Livre? Vingou ou não vingou?

7 de mar. de 2012

Precisamos Explodir a Enterprise


Essa notícia  é um pouco antiga:

Software Livre tem 3% de Participacao no Mercado Nacional
A participação do software livre no mercado nacional de software e serviços é de 2,95%, segundo a 7ª edição da pesquisa “Mercado Brasileiro de Software — Panorama e Tendências” encomendada pela Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) e realizada pela IDC. O que equivale a US$ 0,5 bilhão

O estudo aponta que após uma década de apoio ostensivo de muitos representantes da gestão pública no país, em especial do governo federal, e bilhões de reais aplicados neste modelo, o desempenho não foi satisfatório.

“A pesquisa confirma o que os empresários têm alertado ao governo há anos sem serem ouvidos: o modelo de software livre não produz inovação, demanda mais mão-de-obra, remunera menos toda a cadeia produtiva, não é alto sustentável e seria praticamente inexistente em termos de PIB sem o governo como seu protagonista. Não entendemos a quem interessa insistir em mais uma década com uma estratégia que não tem resultados macro-econômicos relevantes, consome recursos milionários e ainda doa conhecimento estratégico em TI produzido com recursos públicos para concorrentes internacionais, que representam mais de 50% dos downloads do portal do software público”, Gérson Schmitt, presidente da Abes, em comunicado oficial enviado à imprensa.

Segundo a pesquisa, o mercado brasileiro de software e serviços cresceu 21,3% em 2010, e movimentou cerca de US$ 19,04 bilhões.
O grifo é meu. Essa pesquisa foi feita pela Abes. A Abes é uma organização muito importante para o Brasil, que representa os interesses das empresas de software, que emprega milhares de brasileiros e presta grandes serviços a todos nós. Por exemplo, ela é uma das principais empresas brasileiras na ação contra a pirataria de software, uma praga que destrói valor, que joga no lixo o trabalho de muita gente.


A declaração do presidente da Abes é muito interessantes. Ele diz, entre outras coisas, que SL:
  • Não produz inovação;
  • Demanda mais mão-de-obra;
  • Remunera menos toda a cadeia produtiva.
O que ele fala é verdade, mas (e esse é um grande mas) eu conheço o mercado de SL e sei que esses fatos não se prestam à interpretação crua.

Vamos revê-los.

Não produz inovação


É razoável supor que a inovação a que o presidente da Abes se refere seja, no mínimo, a inovação como entendida por empresas que produzem software - inovaçao em software. Criação e desenvolvimento de novos produtos.

Sob esse ponto de vista, eu acredito que ele está 100% correto. Software Livre dificilmente inspira uma empresa a criar algo novo, já que a venda de licença e serviços será mais complicada. Melhor exemplo é a Apple, que volta e meia é criticada por comunidades de SL dizendo que usaram e abusaram, e devolveram muito pouco (a mesma crítica que a Canonical recebe da comunidade Debian.

Demanda mais mão-de-obra

Como ele avalia isso? Não consigo imaginar, e não estou em posição de ir lá perguntar a ele. Mas posso sugerir uma hipótese: 100% de um departamento de TI que usa 100% de Windows resolve adotar, sei lá, RedHat. Esse departamente vai precisar contratar no mínimo alguns profissionais a mais. No futuro esse departamento pode treinar seus outros empregados para dar suporte aos novos produtos, mas com certeza precisará de mais gente, e hoje. Ou seja, usar SL significou aumentar o quadro.

Outra hipótese é que essa mudança se dá por conta de crescimento: ao invés de continuar com o que tem, resolvem investir em SL. Novos empregados, que seriam contratados de qualquer forma, contratação motivada pelo simples crescimento, vão ser contratados para esses novos produtos. Há menos mão-de-obra para SL que para outros. Logo, os salários são "diferenciados", o risco de turn-over aumenta, tudo se complica.

Eu diria que ele também está certo nesse caso, ainda que não posso dar mais certeza que no item anterior, já que eu tenha apenas um chute razoável sobre o critério aqui.

Remunera menos toda a cadeia produtiva

De novo, concordo com ele. Software Livre não faz parte da cadeia produtiva da indústria de software proprietário, e usá-lo significa esvaziar essa cadeia. São menos pessoas trabalhando nessa cadeia.

Será?

Vejamos de novo os argumentos, aproveitando o conhecimento que eu tenho sobre o mercado de Softare Livre.

Não produz inovação ?

Veja esses links:
O mais legal é que o artigo original saiu em junho de 2011, um pouco antes da pesquisa da Abes.

Em outras palavras, SL livre é o petróleo da inovação do mercado de capitais norte-americano na década de 2000. Sua existência mudou as regras do jogo. Me pergunto como deve ser esse cenário no Brasil.

A Pentaho Corporation foi fundada para unificar projetos de SL (dai o nome) e ganhar dinheiro vendendo Software Livre e serviços. O impacto do Pentaho foi tão grande que empresas de software proprietário lançaram versões SoHo e Cloud gratuitas (como a líder do mercado MicroStrategy.)
  • A comunidade de SL do Pentaho desenvolveu sua parte do bolo, também: um português que volta e meia nos visita, o grande Pedro Alves, codificou um framework de dashboards tão bom que a própria Pentaho o adotou ao invés de criar o seu.
  • Tom Barber e equipe estão desenvolvendo um novo visualizador OLAP, que deve substituir o jPivot completamente em breve.

A partir do trabalho de seu fundador, Miguel Valdes Faura, no OW2, a empresa Bonitasoft criou uma solução de automação de BPM (um BPMS) que praticamente definiu o padrão dessa solução no mercado de SL. Tamanho foi o sucesso desse conceito que grandes empresas de SL seguiram a idéia e lançaram concorrentes.

Finalmente, cheque meu post  Calibre sua Biblioteca.

Demanda mais mão-de-obra?

Vejam meu post Salários de especialistas Linux em alta nos EUA. Lido a frio, o comentário do presidente da Abes parece depor contra ele: não é bom aumentar a demanda por mão-de-obra? Isso não significa mais empregos? Como nós não temos a informação sobre o contexto no qual ele se expressou, não podemos seguir essa linha de raciocínio.

Por outro lado, pense um pouco: se é correta a hipótese de SL não se adequa ao mercado "clássico" de software, então estamos falando de um mercado novo, com enorme potencial de crescimento, tanto em empregos quanto em faturamento.

Existe uma empresa especialista em SL (no Brasil) que tem uma equipe de TI própria (para suas próprias necessidades) menor que a média da categoria. Eles conseguem ter um quadro menor porque usam 100% de SL para tudo. A experiência deles mostra que, embora não seja óbvio nem fácil fazer, usar SL e jogar pesado com RH tem um impacto sensível no quadro de empregados e no faturamento da empresa. Na experiência deles, seu quadro de TI tem proporcionalmente menos mão-de-obra que as outras empresa do mesmo porte e negócio. (Eu preciso conseguir autorização para publicar esse caso - é bom demais! Mas eles não querem chamar a atenção!!!)

Finalmente, qualquer adoção de novos softwares (e não apenas mais do mesmo), livre ou proprietário, traz embutida a pressão por mais mão-de-obra. O que diferencia uma pressão da outra?

Remunera menos toda a cadeia produtiva?

Que cadeia produtiva? Como comparar a cadeia produtiva de SL, que é simplesmente diferente da de SP?

Veja só isso:
  1. Uma empresa de pequeno-médio porte não pode arcar com custos típicos de soluções de BI.
  2. Uma empresa de SL oferece a esse mercado pequeno-médio soluções de BI mais em conta, usando Pentaho, com desenvolvimento, capacitação e suporte.
  3. Seus profissionais são treinados por outras empresas, de pequeno-médio porte, que vendem treinamento na plataforma e em BI.
  4. Essas empresas de treinamento desenvolvem ou compram o material de curso e...
  5. ...Para isso contratam profissionais, CLT ou freelancers.
  6. Esses profissionais investem na sua própria educação, para se manter atualizados e manter atualizados os cursos.
Isso não é só um exercício de imaginação! Busquem na web por suporte e treinamento em Software Livre! Veja quantas pessoas e empresas existem, no Brasil, nesse mercado.

Empresas como a Pentaho, a Bonitasoft, RedHat, Canonical, Compieri, EnterpriseDB e tantas outras possuem suas próprias cadeias de fornecimento, nas quais são empregadas muitas pessoas, e - mais que isso - atendem segmentos que tem menos capacidade de arcar com a estrutura e custos requeridos por muitos softwares proprietários e que são indispensáveis hoje em dia.

É, pura e simplesmente, um outro mundo, novo, com muito espaço para crescer.

Só para constar: a Bonitasoft com certeza está demandando mais mão-de-obra.  :-)

Conclusão

A Abes é uma grande organização (no sentido de importância e seriedade, não no tamanho), a serviços de empresas sérias e competentes, de um mercado importante e vibrante, no Brasil e no mundo. Ela existe no contexto da produção de software tal como um carro produzido em uma indústria de automóveis, que tem seu próprio orgão de apoio (a ANFAVEA.) Como um brasileiro cioso da responsabilidade que todo governante tem em gastar bem o nosso dinheiro, é esperado, é até uma postura moralmente imposta, que ele faça essas perguntas. Tem meu total apoio e fico feliz que ele as tenha feito.

Porém, como destaca Gary Hamel em seu livro O Futuro da Administração, pessoas mais vividas, experientes, tendem a se ligar emocionalmente com o que acreditam correto, e tem mais dificuldade de executar a quinta lição de liderança de James T. Kirk: às vezes é preciso mandar a Entreprise pelos ares (figurativamente, claro, já que ela literalmente faz isso o tempo todo), para poder continuar em frente.

O fato de o presidente da Abes estar certo, dentro de suas premissas, não muda o fato de que ele está errado, se o mercado estiver passando por uma evolução. A Abes simplesmente não representa esse mundo, esse mercado de SL, que teima em surgir, crescer e dar dinheiro a muita gente.

A Enterprise está explodindo! Todos para a sala de teleporte!! ;-)

17 de fev. de 2012

Salários de especialistas Linux em alta nos EUA

De acordo com um post no blog Digits (que cobre tecnologiapara o site FINS.com, blog do The Wall Street Journal sobre empregos), uma recente pesquisa da Dice para a Linux Foundation mostrou que a busca por administradores Linux aqueceu o mercado norte-americano, causando um aumento de 5% na média dos valores salariais, indo para US$84K/ano.

Cerca de 2300 companias foram ouvidas e quase um terço delas diz que aumentou o salário do administrador Linux acima da média de aumentos da compania.

Em outras palavras: capacitação em software livre vale mais no salário nos EUA. Considerando-se os prováveis motivos dessa demanda (busca por menores custos em função da crise), eu diria que é uma questão de tempo até as empresas se darem conta que adotar software livre em geral, e não apenas o SO, é uma vantagem competitiva.

16 de fev. de 2012

Calibre sua Biblioteca

Acabei de receber meu Kindle! E não existe um bom adjetivo, másculo o bastante, para dizer o quanto eu gostei dele! Eu realmente sou um cara de livros - livros, livros, livros! Um iPad ou netbook não ia me dar tanta diversão, mas um e-book reader...

Claro que esse tipo de brinquedo é uma armadilha para os fracos, como eu, que não podem viver sem ler tudo. De cara eu topei com o Jogo do Exterminador, no original em inglês, com edição revista e uma capa kickin'-ass por - BAGATELA! - US$6,00!!! Comprei na hora e já estou lendo!

"Perai, Fábio", estancarão vocês, "e sua promessa sobre blog de software livre, de negócios?"


Bom, esse post é justamente sobre isso: como usar um Kindle no Ubuntu? Com o Calibre, uma biblioteca virtual compatível com Kindle, Nook, iPad, iPhone etc. que roda em Linux, Mac e Windows. Não apenas consigo gerenciar o conteúdo do meu Kindle com ele, como posso adicionar todos os artigos que eu leio na Internet, as apostilas de Pentaho que eu criei, entre outros.

7 de fev. de 2012

Solução de Inteligência de Negócios

Uma Solução de Inteligência de Negócios é o emprego do conhecimento sobre seu negócio (a Inteligência de Negócios) através de uma ferramenta informatizada. Simples?

Sim e não.

Primeiro, o sim-simples. Como conseguir conhecimento sobre seu negócio.

Vamos pegar um exemplo clássico: sabe-se hoje que é muito mais barato manter clientes que adquirir novos clientes. Isso é um conhecimento sobre negócios em geral, é "inteligência de negócios". Qualquer problema que aumente a chance de um de seus clientes abandoná-lo em favor do concorrente deve ser tratado com atenção, para evitar que esse risco se concretize.

Eis o mesmo exemplo, em formato de projeto, e mais alguns:
  • Churn (perda por atrito): se você é do ramo de telefonia, um projeto de data mining sobre sua base de usuários vai ajudá-lo a determinar o perfil do cliente perdido e o que o levou a abandoná-lo.
  • Cross-selling/up-selling: se você é um varejista (banco, supermercado, posto de gasolina, farmácia etc.), instale um programa de fidelidade (para identificar seu cliente) e rode um projeto de data mining para descobrir os perfis de clientes. Identifique aqueles que se encaixam em um perfil de gasto X, mas que estão gastando consideravelmente menos e defina uma ação de marketing para estimular o gasto desse perfil.
  • Capacity planning: se você é uma empresa de serviços públicos essenciais, como água, luz e telefonia, analise sua rede (com data mining, sempre) e descubra os sinais que indicam perdas (de água, luz, sinal etc.) Depois aplique o resultado dessa análise contra a rede toda, para achar pontos de perda ainda ignorados e demandas reprimidas.Isso vai reduzir suas perdas e ajudar a planejar melhor seu crescimento. (Incidentalmente esse projeto ainda te ajuda a evitar que clientes processem sua empresa por cobranças incorretas.)

Nesses três exemplos o resultado é sempre uma equação ou função de algum tipo, que permite avaliar clientes (ou setores) novos em função do histórico de outros clientes (ou setores.) Só por curiosidade, esses três projetos são parte de uma solução maior, chamada de Gerenciamento do Relacionamento com Cliente (ou na sigla em inglês, CRM.)

A Solução de BI, nesses casos, é feita embutindo os resultados dos projetos de Data Mining (empregando o conhecimento do seu negócio) nos sistemas que compõe sua linha de frente (através de uma ferramenta), e mantendo controle sobre a qualidade dessa solução (para evitar que mudanças na realidade tornem seu modelo inútil e te faça perder dinheiro ao invés de ganhar.)

Como eu fiz questão de explicitar, todo esse conhecimento, essa Inteligência de Negócio, é resultado da exploração dos dados da empresa com ferramentas de estudos para grandes volumes de dados, usando o conhecimento do seu negócio em busca de respostas objetivas.

Colocando de outra forma: se você não entende o que o seu negócio faz, nenhum projeto de BI vai mudar sua empresa. Se você entende, usar os dados para responder perguntas precisas vai gerar resultados oportunos, precisos, valiosos e práticos.


E a parte não-simples?


Criar os processos para obter esses resultados e usar seus resultados é que é o desafio real, o que vai gerar um alto ROI.

Diga: você sabe que perguntas responder? Como obter essas respostas? E o que fazer com elas, para que elas gerem valor para sua empresa?

O passo zero é conhecer seu negócio e escolher o que atacar primeiro. Depois, o passo um é ter um Data Warehouse. Com algum histórico de dados acumulados, você está pronto para o passo dois, quando seleciona uma equipe de Data Mining e os faz buscar as respostas.

Com o resultado em mãos (um modelo matemático), cumpra as duas últimas etapas: três, monte um processo de aplicação contínua aos dados on-line (e faça dinheiro, identificando clientes que podem ir embora, ou que poderiam comprar mais, ou falhas na sua rede etc.) e, quatro, monte o processo de avaliação da qualidade dos resultados (para que você não seja pego de surpresa quando seu modelo descolar da realidade - quando isso acontecer, recalibre-o ou refaça-o.)

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Existe uma categoria simples de solução, que não envolve Data Mining e pode ser usada por um vasto número de pequenas e mesmo médias empresas: OLAP. Um bom DW e uma boa ferramenta OLAP permitem aos analistas de negócio explorar os dados em buscas de perguntas (e suas respostas) que vão melhorar o desempenho da empresa. Ainda que os resultados possam virar parte da cultura da empresa ("o cliente que volta duas vezes, volta a terceira, mas apenas 10% volta a quarta vez") eles não necessariamente serão embutidos nos sistemas on-line, porque são ad-hoc.

19 de jan. de 2012

Sobre o Valor de Licenças de Software em BI

O Serpro, a empresa na qual trabalho, vive o mesmo dilema de qualquer empresa que resolva investir em SL: comprar uma licença.
Peraí. SL não é livre? Então não precisa pagar, não é?
Não tem nada a ver. SL é livre se pode ser usado, modificado e distribuído (modificado ou não) livremente. Porém, como qualquer outro produto, precisa de conhecimento para ser bem usado. E é ai que entram os custos de SL.

Eu já discorri sobre isso na apresentação feita na Fatec, então não vou me repetir. Vou apenas adicionar um pouco sobre isso no campo de BI.

Sobre licenças de software no mundo de BI: solução barata, em BI, custa um milhão de dólares. Solução boa é de cinco milhões, mas eu gostava mesmo era das de dez em diante (a proposta mais cara que eu vi era de dezessete milhões de dólares, inicial, e renovação de cinco milhões de dólares anuais.) Veja porquê.

O valor cobrado pelas suites livres (Pentaho, Spago, Jasper) é o mesmo que fornecedores "comerciais" cobram de consultoria para instalação e treinamento. Eu sei disso porque eu vendia SAS e concorria diretamente com a MicroStrategy e a Informatica. Eu nem sequer visitava o cliente se ele não pedisse proposta que desse, pelo menos, meio milhão de dólares. Pelo valor que a Pentaho cobra, eu usava só uns quinze minutos para atender o cliente, mandando uma proposta pré-formatada: preenchia os nomes do contato e da empresa, imprimia em PDF e mandava por e-mail (nem mandava por correio, que era a norma da empresa.)

Em 2009, fizemos eu e Gerson Tessler, no Serpro, uma conta rápida para mostrar uma das vantagens do Pentaho: o valor que o Serpro pagou de upgrade do MicroStrategy dava para pagar mais de cinquenta anos de licença Pentaho, com usuários ilimitados (em uma máquina modesta, claro; numa parruda dava só uns 20-30 anos.)

Outro parâmetro para comparar: em 2007, só de treinamento em MicroStrategy para a equipe na qual eu estava (e que cuidava do DW PF da RFB) gastamos R$50.000,00. Isso não é caro, é preço de mercado, praticado até mesmo pela Pentaho. Foram vários cursos, para umas quatro pessoas (fora um gratuito.)

Deu para pegar uma proporção?

O custo é sempre relativo ao retorno. Como o retorno de BI sempre é MUITO grande, licenças de BI comercial tendem a ser caras. Como a maioria das empresas ainda não descobriu como usar o verdadeiro poder do BI para aumentar sua lucratividade, a Pentaho vende a suite pelo seu maior valor de face, que é ferramenta de exploração de dados (a.k.a. relatórios.) Esse é um dos motivos pelo qual ela cobra pouco. Só para não ficar dúvidas: mesmo assim, vale a mesma coisa que as caras - e eu me refiro ao SAS e ao MicroStrategy. Se você conhece SAS e MicroStrategy, e já viu o Weka ou Pentaho Analysis, sabe do que eu estou falando.

16 de jan. de 2012

Meus Livros Favoritos

Eu também poderia intitular o post "Porque eu Preciso de um Kindle Fire", mas achei que seria demais. ;-)

Ganhei O Andar do Bêbado, de um grande amigo físico (como eu.) As primeiras páginas já mudaram meu entendimento sobre eventos aleatórios (pegadinha: na Porta da Esperança, vale a pena mudar de porta depois de o SS abrir uma errada? Resposta: SIM!!!)

Outro que eu já havia lido nesse ramo é Freakonomics: coloca questões muito interessantes e se esforça para te fazer entender que funk não causa dano cerebral, mas sim que dano cerebral te leva a ouvir funk (o carioca, no o original - obrigado Thunder!!) (ATENÇÃO: essa imagem é uma montagem, ela é falsa!!)

Eu também estou terminando de ler Scrum and XP from the Trenches (Enterprise Software Development) e Agile Software Development Scrum.

O primeiro é um relato de guerra de um cara que implementou Scrum (e outras técnicas, como XP) na empresa em que trabalha. Muito bom! Vale por uma vida e te converte para Scrum/XP/TDD nem que você diga não, obrigado.

O segundo é o relato do nascimento e estabelecimento da metodologia Scrum. Seu objetivo não é ensinar Scrum, mas contar sobre como ele nasceu, de que idéias, de que necessidades. Ainda assim, te deixa uma boa idéia de como fazê-lo (apesar de ser melhor usar livros como Agile Project Management with Scrum.) O melhor é mesmo entender as mentes por trás da idéia. Depois de lê-lo é impossível não se jogar no chão genuflexionando-se para o Scrum como se fosse a bíblia da segunda vinda do messias...

Meu próximo livro: Wicked Problems, Righteous Solutions. Em poucas palavras, porquê o modelo cascata (waterfall) falhou. Depois eu vou buscar um mostrando porquê ele deu certo (ou provando que ele funciona.) Só para não ficar na oposição. ;-)

Fora isso, meus três mais são:
  1. Não é Sorte
  2. O Futuro da Administração
  3. How to Measure Anything
Até mais!

11 de jan. de 2012

Valores da Hora de Analista de BI

Não é um assunto muito ligado ao tema deste blog, mas é uma pergunta que eu ouço com frequência: quanto vale a hora de um analista de BI? Eu costumo responder que varia 1) se você é PJ ou 2) se é free-lancer (body shop). Se você é PJ e está vendendo diretamente para o cliente, entre R$100,00 e R$200,00 (de jr. a sênior.)

Se você está sendo contratado por uma empresa que vai te alocar em um projeto, eu cobraria a metade: R$50,00-R$100,00. Isso deixa para seu contratador um espaço para a margem dele.

Mas esses valores são uma mistura da minha experiência no SAS em 2000, meu sentimento sobre esse mercado e os valores, e bate-papo com alguns profissionais desse mercado. Esses números são, em inglês, um "educated guess." ;-)

Mas eis que o Ricardo Gouvêa, do blog Planeta Pentaho, achou uma notícia e fez esse comentário:
Já os salários dos desenvolvedores de data warehouse poderão ter contratos com taxas variando de 65 dólares a 85 dólares por hora. Arquitetos de data warehouse podem ganhar 160 mil dólares por ano ou 80 dólares (ou mais, dependendo da experiência) por hora em contrato.
Ele retirou essas informações do site da CIO, mas a Cetax Consultoria também achou informação semelhante no site da Info. Vale a pena conferir, mesmo sendo informação sobre o mercado norte-americano. Na pior das hipóteses você terá uma referência para negociar seu próximo contrato.