21 de jun. de 2016

Bloqueado!

Acabo de descobrir que este blog está sendo bloqueado em algumas empresas do Governo Federal, classificado como conteúdo impróprio para menores. Isso significa uma de duas coisas:
  • O Governo inteiro comprou a mesma solução de filtro de conteúdo e ela está errando a classificação;
  • Eu estou certo.
Como é um governo notoriamente eivado pelo Esquerdismo, que é aquela seita que abomina a liberdade de expressão e o livre debate de idéias, eu aposto na segunda opção: eu estou certo.

Quero dizer, porque alguém se daria ao trabalho de bloquear um blog minúsculo e insignificante como este aqui? Eu sempre mantive o alto nível, com ironia e sarcasmo é verdade, mas nunca usei sequer um palavrão, quanto mais imagens ofensivas.
Complemento: sou tão insignificante que nem sequer tenho um único comentário de spam em quase dez anos!!!

Veritas Odium Parit


Portanto, ou é uma falha técnica homogênea, espalhada por diversos departamentos de TI, ou então estou sendo barrado. Eu tenho alguma dificuldade em acreditar em falhas técnicas tãããooo uniformes, mas tenho uma grande dificuldade em aceitar teorias conspiratórias. Mesmo assim a falha técnica me parece pouco provável, e por isso eu fico com a segunda opção, que ainda tem a vantagem de acariciar meu ego e me fazer sentir-me (muito) mais importantante do que eu realmente sou:

Eu estou certo. ;-)

16 de jun. de 2016

Meia-Informação

Entre escolher se uma dada notícia é boa ou má, temos sempre a opção é de olhar a realidade e entender as consequências dos fatos noticiados.

Vejam este post, tirado do grande blog Capital Digitial (original aqui):

Interessante, não? Subentende-se uma crítica negativa aqui, ao sugerir que o contribuinte (eu e ele inclusos) estamos sendo lesados por um comportamento comercial tido como inadequado pelo autor do blog.

Vejamos alguns fatos, então.

Faturamento do SERPRO

O SERPRO é uma empresa do governo federal, pertencente ao Ministério da Fazenda. Entretanto, ele não aufere seu faturamento por meio de aporte vindo do orçamento da união. Ao invés disso ele recebe por serviços prestados e produtos entregues. Não é um dado oculto: para verificar basta olhar o orçamento federal, e ver que o SERPRO não consta lá da mesma forma que constam os ministérios e outros orgãos - esses sim, pagos diretamente com impostos.

Ocorre que o dinheiro que o SERPRO recebe de orgãos públicos procede dos impostos, claro, pois governo não fabrica nada, não produz nada, apenas gasta o que pega de nosso suado dinheirinho.

Afirmar que "o cidadão transfere para o Serpro recursos através de impostos e depois paga na iniciativa privada por serviços" é uma frase tão genérica que pode ser usada para qualquer empresa. Veja:
  • O cidadão transfere para o Banco do Brasil recursos através de impostos e depois paga na iniciativa privada por serviços;
  •  O cidadão transfere para a Caixa Econômica Federal recursos através de impostos e depois paga na iniciativa privada por serviços;
Esses exemplos caem na mesma categoria do SERPRO. Mas o que dizer destes casos "escanadolosos"? (ALERTA DE SARCASMO! kkkk)
  •  O cidadão transfere para a Vivo recursos através de impostos e depois paga na iniciativa privada por serviços;
  • O cidadão transfere para a Positivo recursos através de impostos e depois paga na iniciativa privada por serviços;
  • O cidadão transfere para a China recursos através de impostos e depois paga na iniciativa privada por produtos;
Caso não tenha ficado claro, o governo federal paga por serviços e produtos de uma pá de empresas privadas e, em última análise, remete dinheiro ao exterior ao comprar produtos manufaturados em outros países. (Eu não sei se o governo federal é cliente da Vivo, mas com certeza é da Positivo. E da China, somos todos, não? ;-) )

Entenderam o problema daquela afirmação? Ela serve para tudo!! Logo, ela é vazia de significado. Seria bem diferente afirmar que um hospital ou escolas públicas, parte do orçamento do governo (em várias esferas, aliás), passaram a vender atendimento de pronto-socorro para planos de saúde ou cursos de fim-de-semana, para fazer um caixa extra. Não é o negócio dessas empresas.

Levando o pensamento até o fnal, irremediavelmente chegamos na pergunta "porque o SERPRO é uma empresa do governo?", que pode ser reescrita como "porque o SERPRO não é uma empresa privada?".

A Riqueza das Nações

O que permite que usemos tecnologia de ponta, como microchips e vidros especiais, em produtos do dia-a-dia é o baixo custo desses produtos. E como é que coisas caras de se produzir podem ter um custo acessível? Simples de novo: produtos como computadores, fornos de microondas e smartphones podem ser comprados até mesmo por favelados porquê custa a mesma coisa produzir uma unidade de cada um ou 1.000 unidades.

Isso chama-se ganho de escala: gastamos o mesmo dinheiro para produzir uma, mil ou cem mil unidades de um determinado produto. Com isso podemos vender esse produto por menos, e ainda assim recuperar o dinheiro gasto e anda lucrar.

A lógica é muito mais simples do que parece: sempre que um produto cai de preço, ele vende mais. Tanto isso é um fato inquestionável que o tempo todo somos bombardeados com propagandas de promoções, de quedas de preços e tals.

O inverso também é verdade: produtos mais caros vendem menos.

Tem sucesso o empreendedor que consegue acertar o preço no qual ele vai maximizar seu lucro, aquele valor máximo no qual uma boa parte de nós topamos pagar por um bem, e além do qual ele vende menos e ganha menos. É justamente por esse motivo que monopólios são prejudiciais ao consumidor: a concorrência faz o preço baixar.

Então, sempre que um fabricante/prestador de serviço consegue aproveitar seus recursos (limitados) para gerar mais retorno, para vender mais, uma coisa fantástica acontece: seu lucro aumenta. O acúmulo de dinheiro gerado pelos lucros abre a esta empresa a possibilidade de investir em melhorias, em mais produtividade, que - se der certo - aumentam a lucratividade, o que permite baixar custos e diminuir preços finais.

Permite, mas não baixa o preço final por si só, bem entendid. Lembrem-se: monopólios ditam preços, mercado livre sofre concorrência e pressiona preços para baixo.

E outra: somos um país livre. Compra que quer - niguém terá uma arma apontando para sua cabeça dizendo "compre senão..." (como temos por exemplo com a Petrobrás: compre deles, ou então vai ficar à pé!)

Se o SERPRO passa a vender para um mercado maior, ele tende a faturar mais e a melhorar sua lucratividade. Lucratividade melhor significa mais investimentos, queda de custos e por assim por diante.

(Isso tudo é coisa velha, de uns 500 anos, e aprendemos na escola - não é nenhuma idéia revolucionária, só o bom e velho Liberalismo.)

Monopólios

Ao invés de se preocupar com algo que não existe (o suposto pagamento duplo ao SERPRO), teria sido mais valioso o autor daquele post colocar-se a favor dessa ação e pela quebra de monopólios. O SERPRO tem preferência nos contratos com o Governo Federal, o que reduz a pressão sobre sua qualidade e rentabilidade. Se há algo que seria bom é o SERPRO oferecer mais serviços, em um mercado menos regulamentado.

E se o SERPRO não conseguir sobreviver? E se ele se mostrar incapaz de se manter pelas próprias pernas, perdendo para uma concorrência melhor e mais barata?

Oras, você quer mesmo pagar impostos para pagar mais caro pelo mesmo serviço oferecido mais barato pelo concorrente? Você gosta de pagar mais pelo mesmo produto? ;-)