24 de ago. de 2011

There is only one XUL!

A versão 3.6 do BI Server dá um erro de XUL:

A consequência desse problema é o sumiço dos ícones da barra de ferramentas:

Esse bug foi reportado no Jira BISERVER-5282.

De acordo com o discutido naquele Jira, a solução é relativamente simples: trocar todas as referências a certos objetos dentro do BI Server.

No Linux, entre no diretório do BI Server (biserver-ce) e dê esse comando:

find . -type f -iname *.xul -exec sed -i 's/http:\/\/www\.mozilla\.org\/keymaster\/gatekeeper\/there\.is\.only\.xul/http:\/\/www.pentaho.org\/keymaster\/gatekeeper\/there\.is\.only\.xul/g' {} \; 

Depois purge o cache do seu browser. Pronto, no próximo login esse erro não deve acontecer de novo.

No Windows há duas alternativas: instalar o Cygwin e emitir o mesmo comando, ou procurar uma ferramenta de edição de arquivos múltiplos (ou procure no Google - eu gosto do Context) e fazer a troca de http://www.mozilla.org/keymaster/gatekeeper/there.is.only.xul por http://www.pentaho.org/keymaster/gatekeeper/there.is.only.xul em todos os arquivos dentro do BI Server.

Eu recebi essa dica a primeira vez do Pedro Alves, durante o curso de C*Tools em São Paulo.

10 de ago. de 2011

Software Livre preserva o investimento

Software Livre morre. Alguém faz uma coisa bacana, libera o código, segue com a vida e, um dia, ninguém mais está usando. O software não fez sucesso. Não percebemos isso porque sempre vemos o que dá certo. Para cada SL de sucesso, existem muitos outros desaparecidos.

Software proprietário, por outro lado, é descontinuado. Quando o volume de vendas não justifica mantê-lo, ele chega ao fim de seu ciclo de vida (o tal EOL.)

São a mesma coisa? Nem de longe!

Já ouvi várias vezes de empresas que não conseguem o suporte que precisam dos fornecedores. Às vezes, o produto é descontinuado tão rapidamente que todos ficam sabendo com meses de antecedência. Tipo, daqui a sessenta dias, o fabricante X não vai mais atender chamados para essa ou aquela versão, deste ou daquele software.

O último caso que eu tomei conhecimento foi do Windows Mobile: durante 2011 ficou difícil achá-lo em smartphones, e tudo que foi feito para ele não roda no Windows Phone.

Produtos que rodavam em Windows Mobile precisaram chegar ao final de sua vida útil, e ser refeitos para novas plataformas. A empresa que passou por isso disse que esperou o Windows Phone para corporações, mas esse nunca foi lançado. Fiz uma busca simples: acessei os sites da Claro, Tim e Buscapé e procurei por Windows Phone. Só achei dois modelos HTC no Buscapé. A Claro e a Tim não oferecem Windows Phone. Não consegui me entender com o site da Vivo e nem com o da Oi.

Em outras palavras, o investimento em software proprietário (Windows Mobile) foi perdido quando uma lista de empresas concluiu que não estavam ganhando dinheiro vendendo esse produto. Todos que dependiam dessa cadeia de fornecimento ficaram pendurados. (O problema não é ganhar dinheiro - todo mundo precisa - o problema é que o controle do que é lançado ou produzido está em muito poucas mãos e isso tende a reduzir o leque de opções.)

Teria acontecido com Software Livre? Talvez sim, talvez não. Muito mais provavelmente não.

Em outra observação, essa mudança forçou ao menos uma empresa a reescrever a aplicação inteira, e com isso modernizá-la. Foi um processo destruidor de investimento, mas criador de melhorias.

A vida não é preto-e-branco, mas ainda prefiro controlar minha vida a ser controlado pelas decisões de outrem...

4 de ago. de 2011

Os ventos da mudança sopram mais fortes

Desde que eu descobri o SL, mais ou menos em 2003<1>, eu me impressiono com a qualidade e a flexibilidade dele. Depois de um tempo eu comecei a acreditar que SL não era só um setor, ou um movimento de malucos, mas uma nova indústria. Não apenas uma extensão da indústria de software, mas uma completamente diferente, com outras regras e outros paradigmas.

Bom, eu sou físico, e não tenho muita habilidade em transformar essas percepções em conclusões embasadas em fatos - até porque me faltam fatos.

Acabei de ver um artigo da revista Business Insider, indicado por um colega de Serpro, que demonstra exatamente isso. O autor, Mark Suster, entende do traçado: ele é um capitalista de risco (VC) há muito tempo, e experimentou em primeira mão a mudança de mercado causada pelo fortalecimento do movimento de SL.

Clique aqui para ler o artigo na íntegra.

Não vou traduzir o artigo inteiro, vou apenas destacar alguns pontos interessantes:
  • O Sr. Suster criou sua primeira empresa de informática em 1999, e gastou 10 milhões de dólares (entre hardware, storage, hosting, licenças de software e outros insumos). Ou seja, para abrir uma empresa razoável, um capitalista de risco precisava de qualquer coisa nessa faixa.
  • A popularização do LAMP mudou o jogo: de repente, 90% do dinheiro das licenças estava disponível para investimento em outras coisas!
  • Com software de qualidade e disponível em número infinito de licenças, ficou mais barato manter uma fazenda de servidores pequenos e ordinários ("nuvem"?), que manter as cada vez maiores e mais caras máquinas dedicadas.
  • Graças à essa situação, um conceito de nuvem (ou grid) condensou-se: empresas começaram a oferecer serviços "na nuvem" (como o Salesforce.com) e algumas a oferecer serviços genéricos, na forma de nuvens (de processamento, de armazenamento etc.)
  • A Amazon.com é o maior expoente desse último: S3, EC2, A9... O Amazon Web Services (AWS).
Qualquer empresa que queira uma infraestrutura confiável, armazenamento etc. pode se virar com pouco dinheiro, contratando a AWS.

Resumo da  história: se antes eram necessários US$5M para abrir uma empresa, hoje pode ser feito com US$500K - 10%!!! Com o mesmo dinheiro que se abriu uma, hoje se abrem 10!

O Sr. Suster conclui sua análise comentando as empresas de "Micro VC", ou seja, micro capital de risco, e saúda essa novidade como a mudança mais importante da indústria de VC.

E na raiz dessa mudança?

Software Livre.

Na minha opinião, SL é o microchip do software (visão que eu aprendi com Michael Tieman), e essa é a mudança mais importante da indústria de software até hoje.


<1>: Eu conheço o Linux desde 1991. Mas só fui entrar na onda do SL em 2003, com o FF 1.5 e o OO 1.5.