10 de ago. de 2011

Software Livre preserva o investimento

Software Livre morre. Alguém faz uma coisa bacana, libera o código, segue com a vida e, um dia, ninguém mais está usando. O software não fez sucesso. Não percebemos isso porque sempre vemos o que dá certo. Para cada SL de sucesso, existem muitos outros desaparecidos.

Software proprietário, por outro lado, é descontinuado. Quando o volume de vendas não justifica mantê-lo, ele chega ao fim de seu ciclo de vida (o tal EOL.)

São a mesma coisa? Nem de longe!

Já ouvi várias vezes de empresas que não conseguem o suporte que precisam dos fornecedores. Às vezes, o produto é descontinuado tão rapidamente que todos ficam sabendo com meses de antecedência. Tipo, daqui a sessenta dias, o fabricante X não vai mais atender chamados para essa ou aquela versão, deste ou daquele software.

O último caso que eu tomei conhecimento foi do Windows Mobile: durante 2011 ficou difícil achá-lo em smartphones, e tudo que foi feito para ele não roda no Windows Phone.

Produtos que rodavam em Windows Mobile precisaram chegar ao final de sua vida útil, e ser refeitos para novas plataformas. A empresa que passou por isso disse que esperou o Windows Phone para corporações, mas esse nunca foi lançado. Fiz uma busca simples: acessei os sites da Claro, Tim e Buscapé e procurei por Windows Phone. Só achei dois modelos HTC no Buscapé. A Claro e a Tim não oferecem Windows Phone. Não consegui me entender com o site da Vivo e nem com o da Oi.

Em outras palavras, o investimento em software proprietário (Windows Mobile) foi perdido quando uma lista de empresas concluiu que não estavam ganhando dinheiro vendendo esse produto. Todos que dependiam dessa cadeia de fornecimento ficaram pendurados. (O problema não é ganhar dinheiro - todo mundo precisa - o problema é que o controle do que é lançado ou produzido está em muito poucas mãos e isso tende a reduzir o leque de opções.)

Teria acontecido com Software Livre? Talvez sim, talvez não. Muito mais provavelmente não.

Em outra observação, essa mudança forçou ao menos uma empresa a reescrever a aplicação inteira, e com isso modernizá-la. Foi um processo destruidor de investimento, mas criador de melhorias.

A vida não é preto-e-branco, mas ainda prefiro controlar minha vida a ser controlado pelas decisões de outrem...

Um comentário:

  1. Bancando o advogado do diabo, esse tipo de coisa acontece, sim, com SL. Seguindo nessa mesma linha do "aguardando nova versão", houve o Struts 1, que morreu em 2008. Struts 2 existe, mas só mantém o nome. Sair do 1 pro 2 é como sair do Struts pro JSF, Wicket, GWT, Tapetry, etc: precisa aprender tudo novamente e refazer o sistema do zero.

    No meu emprego anterior, lasquei-me igualmente com provedores JMS pagos e livres: o IBM MQ não suporta JTA fora do Websphere e o ActiveMQ suporta, mas tem um bug sinistro (relatado e sem prioridade alguma) em um requisito de persistência que invalidou o uso lá. Meu "ódio" pelos dois é igual.

    Para nós, "mortais", não existe essa de poder de escolha no software, seja pagou ou livre. Se o povo do Android quiser lançar uma versão 3.0 totalmente incompatível com a 2.x (ou até nunca lançar), lascou. A decisão de outrem controlou nossas vidas.

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