Bom, eu sou físico, e não tenho muita habilidade em transformar essas percepções em conclusões embasadas em fatos - até porque me faltam fatos.
Acabei de ver um artigo da revista Business Insider, indicado por um colega de Serpro, que demonstra exatamente isso. O autor, Mark Suster, entende do traçado: ele é um capitalista de risco (VC) há muito tempo, e experimentou em primeira mão a mudança de mercado causada pelo fortalecimento do movimento de SL.
Clique aqui para ler o artigo na íntegra.
Não vou traduzir o artigo inteiro, vou apenas destacar alguns pontos interessantes:
- O Sr. Suster criou sua primeira empresa de informática em 1999, e gastou 10 milhões de dólares (entre hardware, storage, hosting, licenças de software e outros insumos). Ou seja, para abrir uma empresa razoável, um capitalista de risco precisava de qualquer coisa nessa faixa.
- A popularização do LAMP mudou o jogo: de repente, 90% do dinheiro das licenças estava disponível para investimento em outras coisas!
- Com software de qualidade e disponível em número infinito de licenças, ficou mais barato manter uma fazenda de servidores pequenos e ordinários ("nuvem"?), que manter as cada vez maiores e mais caras máquinas dedicadas.
- Graças à essa situação, um conceito de nuvem (ou grid) condensou-se: empresas começaram a oferecer serviços "na nuvem" (como o Salesforce.com) e algumas a oferecer serviços genéricos, na forma de nuvens (de processamento, de armazenamento etc.)
- A Amazon.com é o maior expoente desse último: S3, EC2, A9... O Amazon Web Services (AWS).
Resumo da história: se antes eram necessários US$5M para abrir uma empresa, hoje pode ser feito com US$500K - 10%!!! Com o mesmo dinheiro que se abriu uma, hoje se abrem 10!
O Sr. Suster conclui sua análise comentando as empresas de "Micro VC", ou seja, micro capital de risco, e saúda essa novidade como a mudança mais importante da indústria de VC.
E na raiz dessa mudança?
Software Livre.
Na minha opinião, SL é o microchip do software (visão que eu aprendi com Michael Tieman), e essa é a mudança mais importante da indústria de software até hoje.
<1>: Eu conheço o Linux desde 1991. Mas só fui entrar na onda do SL em 2003, com o FF 1.5 e o OO 1.5.
Até gosto muito do SL, mas o defeito do software pago não é ser pago - é ser absurdamente caro. Oracle, IBM, Microsoft, entre outras gigantes, cobram cifras absurdas pelos seus sistemas. São R$ 500 em um upgrade do Windows! O Linux é gratuito e o Mac OS, com qualidade igual ou superior (a interface, pelo menos, é bem melhor e mais rápida) custou-me uns R$ 60 para atualizar (pouco mais que 10% de um Windows, variando com o dólar) e fiquei mais feliz com o upgrade do que todos os "yum update" que fiz na minha vida.
ResponderExcluirTem também os softwares na "zona cinza": Open Source com versão enterprise paga. Na minha opinião, o melhor modelo possível. Quem não tem dinheiro ou topa não ter SLA, usa a versão Open. Quem tem dinheiro e quer SLA, paga um valor simbólico. A comunidade empurra pelo lado Free e o capitalismo puxa com prazos pelo lado pago. Essa sinergia faz o software evoluir bastante. Claro que, IMHO, só funciona se a versão free não for muito fraca e a versão paga tiver realmente vantagens.
A mudança causada pela Amazon não teria sido possível com software proprietário não porque ele é caro, mas porque ele é fechado. Ser caro não impede de se criar um EC2 ou um S3 - o ganho de escala paga o investimento. Mas ser fechado, sim. A IBM, a HP e a Oracle, sozinhas, detêm softwares suficientes para fazer a mesma coisa que a Amazon, entrar nesse mercado e bater em todo mundo. E porque não fizeram? Essa é a pergunta de US$1M. ;-)
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